História dos dois irmãos e da bela Tétis

01-06-2020

Há muito, muito tempo, antes de antes de antigamente, habitavam o Olimpo dois deuses irmãos muito poderosos e que mandavam sobre todas as coisas da Terra: Zeus, deus do céu e do trovão, e Poseidon, deus do mar e das tempestades. Os dois irmãos eram muito diferentes. Zeus era sensato, inteligente e ponderado. Só soltava o trovão quando estava mesmo muito zangado e convencido que não havia outra solução. Poseidon era impulsivo e perdia a cabeça com facilidade. Nem pensava duas vezes antes de agitar os mares e soltar as tempestades. Às vezes, Zeus lá tinha de acudir e acalmar um pouco a fúria de Poseidon. Por isso, por ser o mais sensato e ponderado, Zeus era o rei dos deuses, embora fosse o mais 

novo dos irmãos. Apesar de serem muito diferentes, e de serem deuses, e por isso mesmo seres muito poderosos e caprichosos, como são todos os deuses,  os dois davam-se bem, pois o elo entre irmãos  é como um nó muito forte.

Poseidon, como deus do mar, tinha muitas criaturas para o ajudar, pois o Mar é imenso e ele não conseguiria saber todas as coisas que se passavam em todos os mares e oceanos se não tivesse ajudantes. Entre estes estavam as Nereidas, ninfas dos mares, filhas do deus do Mar antes de Poseidon, Nereu e de Doris. As Nereidas nadavam pelos mares para informarem Poseidon sobre tudo o que se passava nos seus domínios e carregavam o seu tridente. O tridente é uma espécie de garfo gigante, com três dentes em forma de seta e que era o símbolo do poder de Poseidon, assim como se fosse a coroa de um rei. Mas a principal missão das Nereidas era socorrerem os marinheiros em perigo.

As Nereidas eram criaturas muito lindas. Trajavam maravilhosos vestidos de seda branca, debruados a ouro e usavam coroas de coral encarnado, muito vivo e brilhante. Mas havia uma Nereida que era ainda mais linda que todas as outras, Tétis. Poseidon pedia-lhe muitas vezes para levar o seu tridente e Tétis sentia-se muito vaidosa com isso, pois tal significava que era a preferida do seu deus. Na verdade, Poseidon estava apaixonado por Tétis e estava sempre a pedir-lhe para lhe levar o tridente porque isso era uma maneira de se aproximar dela. Poseidon era impulsivo e bruto ao soltar as tempestades, mas, em coisas do coração, era um tímido e não sabia como haveria de dizer a Tétis que estava apaixonado por ela. Tétis percebia muito bem, e sentia-se envaidecida, pois era uma ninfa muito namoradeira.

Quem também estava enamorado pela encantadora Tétis era Zeus. Mas como era um deus muito responsável, justamente por ser o rei dos deuses, e porque era casado, Zeus resistia a essa paixão. Mas Tétis, que era muito jovem e namoradeira, sentia~se importante por aquele encantamento do rei dos deuses. E arranjava  pretextos para visitar Zeus. Às vezes dizia a Poseidon que estava cansada para andar para cá e para lá a vigiar os mares, mas na verdade o que ela queria era escapar-se ao trabalho para poder ir ter com Zeus. Quando Poseidon descobriu - porques estas artimanhas descobrem-se sempre - ficou muito zangado. Nesse dia houve uma grande tempestade no mar perto da Grécia, pois quando Poseidon se zangava não conseguia controlar-se. Porém, Poseidon estava tão apaixonado por Tétis que não queria zangar-se com ela e, assim, virou-se contra o seu irmão Zeus.

Zeus, que apesar de ser o mais novo era mais sensato, tentou acalmar Poseidon, mas era dificil, até para o rei dos deuses, pois aquele estava mesmo muito zangado. Entretanto a bela Tétis, que, a bem da verdade, era um pouco cabeça no ar, ia andando visitando um, dando atenção ao outro, toda vaidosa por ser a amada de dois deuses tão importantes e poderosos. Zeus e Poseidon estavam cada vez mais afastados um do outro e, um belo dia, quase se pegaram à pancada. Foi então que os outros habitantes do Olimpo ficaram muito preocupados, pois se aqueles dois se zangassem mesmo a sério, o que não seria do Mundo, já que um controlava o torvão e o outro os mares e as tempestades! Então alguém foi contar a Zeus uma estranha profecia: estava escrito nos tempos que a ninfa Tétis geraria um filho que seria "maior que o seu pai". E aquilo que está escrito nos tempos não pode nunca deixar de ser cumprido, porque não é possível parar o tempo.

Então Zeus, que apesar de estar zangado com Poseidon estimava muito  seu irmão, foi ter com ele para o avisar. Poseidon, que apesar de estar zangado com Zeus respeitava muito  seu irmão e rei, ouviu-o com atenção. "Escuta, Poseidon, tu e eu temos a responsabilidade de manter o equilíbrio do Mundo. As pessoas confiam em nós", disse Zeus, com voz pausada. "Tens razão, não podemos deixar que uma ninfa, por mais bela que seja, nos torne desavindos", concordou Poseidon, com uma voz tão calma que nem parecia ele. Mas no fundo estava triste, pois sabia que tinha que renunciar ao amor que sentia por Tétis E a ele, que não era tão sensato e responsável como o seu irmão, as decisões da cabeça custavam-lhe muito mais que as do coração.

Mas a bela Tétis, que era uma ninfa muito namoradeira, não sabendo desta conversa, continuava a andar atrás de Poseidon a pretexto de lhe relatar os assuntos do mar e a visitar Zeus a propósito de qualquer coisa. Poseidon evitava pedir a Tétis para lhe levar o tridente, mas, mesmo assim, estava sempre a encontrá-la! E Zeus - que procurava sempre evitar problemas - percebeu que tinham que fazer alguma coisa para ela lhes desaparecer da vista e do coração. Era preciso que Tétis casasse! Porém, por causa da profecia, não poderia casar com um deus, teria que ser com um homem! Zeus, era o rei dos deuses e não queria arriscar a que um dia aparecesse ali no Olimpo alguém mais poderoso que ele. Além disso, se Tétis casasse com um homem iria viver na Terra, entre os humanos, e talvez assim Poseidon a conseguisse enfim, esquecer.

Mas Tétis era tão bela, tão encantadora, tão amável, apesar de ser um pouco cabeça no ar, que não lhe poderiam arranjar um noivo qualquer. Além disso, era uma imortal, uma ninfa, vivia entre os deuses. Teria que ser um homem merecedor de uma ninfa! Então Zeus escolheu para esposo de Tétis, Peleu, rei da Ftia, o maior guerreiro que existia na Grécia, naqueles tempos antes de antes de antigamente. Peleu era um homem muito valente e cheio de qualidades. Era protegido do centauro Quíron, o centauro justo e sábio, filho adoptivo de Apolo, deus do Sol. Zeus tinha a certeza que Peleu faria Tétis muito feliz!

Iris, a deusa do Arco-Íris, foi enviada à Terra para anunciar a Peleu a decisão dos deuses. O casamento deveria acontecer na próxima noite de lua cheia. Peleu ficou muito feliz! A verdade é que também ele estava enamorado da bela Tétis. Já algumas vezes a tinha visto nadando nua junto à praia. Mas Peleu sabia que esse era um amor sem esperança, pois era impossível a um homem casar com uma ninfa. Elas são de outro mundo, do mundo dos deuses e do tempo sem tempo. Apesar de sem esperança, Peleu não conseguia arrancar aquele amor do seu peito e andava muito inquieto. Não comia, não dormia, não conseguia pensar em mais nada, sempre com o coração descompassado, que é como os homens ficam quando estão apaixonados!

Sentindo-se levitar de tanta felicidade, Peleu foi pedir conselho ao centauro Quíron. Desde que há uns anos este o tinha salvo de ser atacado pelos centauros maus, que Quíron era seu amigo e conselheiro. "Ela será tua mulher, Peleu! Mas terás que a saber conquistar. Ela arranjará muitas maneiras de se querer escapar, mas nunca a deves largar. Aproxima-te quando ela estiver a dormir profundamente e não a larques, aconteça o que acontecer.", disse Quíron, que já tinha sido avisado pelo próprio Zeus de todo o plano. Quíron explicou a Peleu que encontraria Tétis na praia onde ele costumava ir dormir a sesta numa gruta meio encoberta  por ramos de mirtilo.

No dia seguinte, Peleu foi até à tal praia. Escondido atrás de um pinheiro, viu chegar Tétis, saindo das águas montada num golfinho. Agora que Peleu sabia que, por vontade dorei dos  deuses, ela iria ser sua mulher, achou-a ainda mais bela e encantadora! Viu-a encaminhar-se para a gruta e esperou. Quando já tinha passado um bom bocado, achando que Tétis já deveria estar num sono profundo, Peleu foi até à gruta. Entrou devagarinho, tendo o cuidado de não pisar nenhum ramo seco para não fazer barulho.

Lá estava ela, a criatura mais linda que ele já vira! Então Peleu aproximou-se e agarrou-a com os seus braços fortes de grande guerreiro. Lembrou-se das palavras de Quíron e agarrou-a com força, para ela não poder escapar, e, ao mesmo tempo, com ternura, porque a amava muito. Tétis acordou sobressaltada. Não gostou nada de de ver assim agarrada! Ainda para mais por um homem, que é uma criatura muito inferior aos deuses! Sendo uma imortal, Tétis tinha a capacidade de assumir outras formas. Então transformou-se em fogo, mas Peleu, apesar de sentir os braços e as pernas queimando, não a largou. Depois fez-se em água, mas Peleu, embora quase se afogasse em tanta turbulência, não a largou. A seguir, Tétis tomou a forma de um leão, mas Peleu, apesar da dor de sentir os seus dentes cravados na sua perna, não a largou. Depois virou uma serpente, mas Peleu, embora quase estrangulado e já sem conseguir respirar, não a largou. "Não a largues, aconteça o que acontecer", tinha dito Quíron. Tétis, transformou-se então num choco gigante e lançou um grande jacto de tinta negra sobre Peleu, mas, de novo, Peleu, mesmo cego e desorientado pela tinta, não a largou.

Tétis estava cada vez mais admirada por Peleu não desistir. Por mais maldades que ela lhe fizesse, ele continuava a segurá-la, com força, mas, a mesmo tempo, com ternura. Tétis, namoradeira como era, já pregara muitas partidas a muitos deusesinhos jovens, mas eles largavam-na  logo e fugiam. Peleu era diferente! Ele não desistia! Então, Tétis acalmou-se e percebeu que aquele era o seu amor verdadeiro e o seu destino. Já não era um ninfazinha inconstante, tinha-se transformado numa mulher. Aninhou-se nos braços fortes de Peleu, beijou-o e deixou que ele a levasse para um recanto da gruta, dando-lhe todo o seu amor.

O casamento celebrou-se no Monte Pelion, junto da gruta de Quíron. Para celebrar o casamento da mais bela da Nereidas com o mais nobre dos homens, e porque isso significaria a paz no Olimpo, Zeus organizou uma grande festa. Todos os deuses e deusas foram convidados e trouxeram preciosos presentes para os noivos. E durante toda a noite, todos cantaram e dançaram e riram e brindaram. Estavam lá todos os doze deuses mais imprtantes do Olimpo. Até o grande Apolo, pela única vez, tocou a sua lira junto dos humanos. Nessa noite de luar, muito antes de antes de antigamente, deuses e homens confraternizaram pela última vez. Nunca mais se encontrariam cara a cara.

Mas, querendo que a festa fosse perfeita,  Zeus - que procurava sempre evitar problemas - tinha cometido um erro! Não convidara Éris, a deusa da discórdia. Éris, além de ser feia,  tinha muito mau feitio e a maior parte dos outros deuses evitavam-na, pois já se sabia que, onde ele estivesse haveria confusão. Quando Éris soube, ficou furiosa! Então, estavam lá todos, cantando e brindando, menos ela! Até a sua irmã gémea, Harmonia, lá estava! Ah, mas haveriam de ver! Ou não fosse ela Éris, a deusa da discórdia!

Estavam todos celebrando, no melhor da festa, deuses e humanos, quando Éris apareceu, como que vinda do nada ,trazendo na mão uma maçã de ouro, que tinha colhido no Jardim das Hespérides. Éris não disse nada, mas todos perceberam que vinha aí problema, e não seria pequeno. Então Éris foi direita às três deusas mais importantes - Hera, Atena e Afrodite - que estavam todas três entretidas numa alegre conversa, e atirou para o chão a maçã de ouro, dizendo, "Para a mais bela de todas!". As três deusas entreolharam-se, pois ´cada uma queria para si a maçã de ouro do Jardim das Hespérides...

E a partir de aqui é uma outra história que será contada mais tarde.



ACTIVIDADES:

1) Procura no dicionário o significado das palavras que não conheças. Podes pedir ajuda aos teus pais ou avós.

2) Pesquisa quem eram os doze principais deuses do Olimpo. Podes pedir ajuda.

2) Reconta esta história, fazendo uma pequena banda-desenhada. Melhor será se fizeres em conjunto com os teus irmãos ou amigos.

4) A estátua de Zeus em na cidade de Olímpia (Grécia) era uma das sete maravilhas do Mundo Antigo. Descobre quais eram as outras seis.


Não esqueças! Manda foto dos teus trabalhos para publicarmos aqui.



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