História de Alexandre da Macedónia e do seu cavalo Bucéfalo

28-05-2020

Há muito, muito tempo, antes de antigamente, nasceu na cidade de Pela, na Macedónia, um príncipe, filho do rei Filipe e da rainha Olímpia. Era belo e cheio de saúde. Os reis ficarem muito felizes e chamaram-lhe Alexandre.  O rei Filipe ficou especialmente contente por ser um rapaz, pois, naquele tempo, só os rapazes podiam ser herdeiros do reino e assim  ele sabia que o futuro estava assegurado.

No mesmo dia em que o príncipe Alexandre nasceu, mais ou menos à mesma hora, em Tessália,  muitas milhas a Sul  do palácio, nasceu um potrozinho. Era belo e forte. O cavalinho tinha o pêlo preto muito sedoso, uma manchinha branca na testa em forma de estrela e a crina preta muito brilhante. Já ninguém se lembra como é que a égua sua mãe e o cavalo seu pai lhe chamaram, pois foi com outro nome que ele passou à história e foi o cavalo mais corajoso e mais famoso de todos os tempos.

Alexandre cresceu belo, forte e inteligente. Naquele tempo, os príncipes não iam à escola. Estudavam com professores particulares que viviam com eles no palácio. O rei Filipe queria que Alexandre viesse a ser um rei justo e sagaz. Por isso, decidiu arranjar-lhe o melhor professor de todos.Então, mandou vir para o palácio Aristóteles de Estagira, que era o homem mais sábio do seu tempo. . Alexandre era um bom aluno. Aprendeu muitas coisas com Aristóteles e coisas muito importantes. Mas o mais importante que aprendeu foi a analisar bem as coisas e a pensar antes de agir.

 Um dia, teria Alexandre uns doze anos, apareceu no palácio um homem que queria vender um cavalo. Vinha de longe,  de Tessália. O cavalo era grande e forte. Era muito belo, tinha o pêlo preto muito sedoso, uma mancha branca na testa como se fosse uma estrela e  crina preta muito brilhante. Era tão grande e tão forte, que parecia ter a força de um boi. Mas o cavalo grande e forte, preto e belo, tinha um problema: ninguém conseguia montá-lo. Todos os que tinham tentado, passados poucos minutos vinham parar ao chão. Homens muito fortes, outros muito experientes, outros muito corajosos, todos falharam. Ninguém conseguia montar o Cavalo Indomável!

Embora tivesse a mesma idade que o jovem príncipe, o cavalo  já era  adulto, pois o tempo dos cavalos é diferente do tempo das pessoas. Filónico, assim se chamava o dono do cavalo,  há muito tempo que o procurava vender, pois não era rico e não podia ter um cavalo que não tinha utilidade nenhuma. Mas o cavalo era tão belo - na verdade era o cavalo mais lindo que ele já vira - que o homem não o queria vender a qualquer pessoa. E muito menos queria vendê-lo barato! Então, decidira que iria vender o cavalo ao rei Filipe da Macedónia por um bom dinheiro e pôs-se a caminho.

O rei Filipe tinha muito orgulho nas suas cavalariças. Tinha muitos cavalos e muitas éguas, todos muito lindos e bem tratados, cheios de pose e com o pêlo a brilhar, como devem ser os cavalos de um rei! Quando viu o Cavalo Indomável, disse logo que o queria comprar. E chamou o seu Domador de Cavalos para que ele o montasse. O Domador era um homem muito experiente e que sabia tudo sobre cavalos. Assim que olhou para o Cavalo Indomável, percebeu logo que ia ter ali um problema. Aquele não era um cavalo como os outros, havia nele uma aura especial. Só poderia ser montado pela sua alma gémea. O Domador sabia que não era essa pessoa. Mas não podia dizer que não ao rei e lá foi tentar montar o cavalo. Mal se sentou no dorso do Cavalo Indomável, este levantou os flancos num coice e o Domador voou até se estatelar no chão de areia. Como era muito competente na sua profissão, não se aleijou porque soube cair bem.

No pátio do palácio, o principe Alexandre assistia a tudo, com muita atenção. O jovem príncipe tinha aprendido com o seu mestre Aristóteles a analisar bem as coisas. E por isso, reparou num pormenor que escapara a toda a gente e chegou a uma conclusão diferente da de todos os outros!  Quando ouviu o pai dizer ao dono do cavalo que não o iria comprar, Alexandre correu para ele e disse, "Não, não pai! Compra! Eu consigo montá-lo!" Todos arregalaram os olhos de espanto. Como é que um rapaz de doze anos iria conseguir montar aquele cavalo tão grande e tão forte que parecia ter a força de um boi e que atirara ao chão o Domador de Cavalos?! O rei Filipe achou que o filho estava a ser atrevido e presunçoso e reolveu dar-lhe uma lição. "Está bem, príncipe Alexandre! Na verdade, já é altura de teres o teu próprio cavalo. Se conseguires montá-lo, será este. Eu ofereço-to." A rainha Olímpia não achou nada boa a ideia, pois as mães têm sempre medo que os filhos se magoem, mas Alexandre já tinha corrido para o cavalo.

Mas não o montou logo. O jovem príncipe pegou com cuidado nas rédeas e, lentamente, virou a cabeça do Cavalo Indomável de frente para o sol. Depois, olhou-o nos olhos. E nesse momento, no instante exacto em que os olhares de ambos se cruzaram e cada um pode ver dentro da alma do outro, o cavalo soube que aquele rapaz era a sua alma gémea e o jovem soube que aquele cavalo seria para sempre parte de si. Alexandre afagou suavemente o focinho e o pescoço do animal, sussurou-lhe ao ouvido, esfregou a sua testa na testa do cavalo. E então, devagar, subiu-lhe para o dorso e deu várias volta ao pátio a trote.Todos ficaram de queixo caído! Filónico era o mais pasmado de todos. O Domador de Cavalos do palácio quase desmaiou de espanto. Como era possível!? O rei Filipe inchava de orgulho do seu filho e príncipe. A rainha Olímpia estava emocionada com o feito do seu menino.

Alexandre voltou para junto deles, desmontou e então explicou que quando estava de lado a observar os acontecimentos tinha reparado que o  cavalo tinha medo da própria sombra. Era por isso que não se deixava montar. Não era por maldade, era por medo! Às vezes, o medo leva-nos a fazer as coisas ao contrário.  Ao virá-lo de frente para o sol, o jovem príncipe eliminara a sombra e o cavalo perdera o medo. E pensou para lá para ele, "És como eu, às vezes tens medo do mundo, mas tens também toda a coragem dentro de ti". O cavalo ouviu, porque os animais ouvem sempre o que as suas pessoas dizem em silêncio e relinchou para dentro. Nunca mais teria medo na vida; tinha encontrado a sua alma gémea.

O príncipe  Alexandre deu ao cavalo o nome de Bucéfalo, que significa "cabeça de boi". Era um cavalo grande, forte e  belo mas já não era o Cavalo Indomável. Agora era Bucéfalo, o cavalo de Alexandre da Macedónia. E por isso, era ainda mais belo, mais forte e era ágil e corajoso.

Alexandre e Bucéfalo tornaram-se inseparáveis. Era raro ver-se um sem o outro. Como Bucéfalo não podia entrar no palácio, porque era um cavalo, às vezes, de noite, Alexandre escapava-se para ir dormir com ele na cavalariça. Alexandre cresceu forte e belo, inteligente e corajoso, junto de Bucéfalo. E quando as pessoas viam passar  o príncipe da Macedónia   cavalgando Bucéfalo pelos campos afora era como se estivessem vendo um jovem deus montando o próprio Pégaso, o cavalo alado dos deuses.

Quando Alexandre tinha 2o anos, o rei Filipe morreu e Alexandre tornou-se rei da Macedónia. Naqueles tempos, antes de antigamente, havia muitas guerras. Os reis queriam sempre conquistar mais terras e marchavam para a guerra montados nos seus cavalos, à frente dos seus exércitos. Montado em Bucéfalo, Alexandre conquistou muitas terras e fez-se senhor de um grande império.Conquistou a Síria, o Egipto e a Babilónia, conquistou a Pérsia e foi até à Índia.Tão grande era o seu império que ficou conhecido como Alexandre Magno (o Grande),

Alexandre Magno nunca perdeu uma batalha. Algumas vezes defrontou exércitos maiores, mas venceu sempre, porque era mais inteligente e sabia pensar a melhor estratégia para ganhar. Dizia-se que o próprio Zeus, o rei dos deuses, o protegia.e por isso ele estava mais alto que os outros homens. Talvez fosse por isso. Ou porque Alexandre da Macedónia tinha aprendido com Aristóteles de Estagira a analisar bem as coisas e a pensar antes de agir. Ou porque tinha  o melhor cavalo de todos, o maior e o mais forte, o mais ágil e o mais corajoso. Bucéfalo, que quando era jovem tinha medo da própria sombra, agora avançava contra o inimigo, levando Alexandre para cada vez mais longe e mais alto. Juntos eram um, corpo e alma,  força e bravura.

Alexandre e Bucéfalo estiveram juntos quase vinte anos. Percorreram muitos lugares, travaram muitas batalhas, tiveram muitas vitórias. Quando Bucéfalo ficou mais velho, Alexandre passou a poupá-lo a esforços maiores. Tinha outros cavalos ao seu serviço. Também eram fortes e corajosos, mas nenhum deles era magnífico como Bucéfalo. Mas, na hora do combate, era Bucéfalo que Alexandre montava. Só ele sabia pôr-se na posição certa para o ataque, só ele sabia antecipar os gestos  e desviar.se dos golpes do inimigo, só ele sabia conduzir Alexandre por dentro da batalha. E Bucéfalo marchava, altivo o orgulhoso, levando o seu imperador à conquista da Índia.

Mas como os anos dos cavalos são diferentes dos anos das pessoas, enquanto Alexandre era ainda jovem, com trinta anos, Bucéfalo, com a mesma idade, era um cavalo velho. Continuava belo, grande e corajoso, mas já não era tão forte nem tão ágil. Na batalha de Hidaspes, na India, Bucéfalo levou Alexandre para a frente de combate como sempre o fizera. Mas, quando Alexandre estava a ser atacado por todos os lados, já não conseguiu desviar-se com a rapidez de antes .Então  posicionou-se de maneira a que ele próprio, mas não o seu rei, fosse atingido. No limite das forças, Bucéfalo foi ainda capaz de, pela última vez, salvar Alexandre para fora do perigo maior da batalha.

Alexandre Magno teve em Hidaspes uma grande vitória. O seu império ia agora da Grécia até ao sopé dos Himalaias, no norte da Índia. Bucéfalo morreu pouco depois da batalha  junto do seu principe, sua alma gémea, indomável e bravo como ele.Em homenagem ao seu cavalo muito amado, companheiro fidelíssimo de toda a vida, Alexandre Magno fundou, perto do local da batalha, a cidade de Alexandria Bucéfala.

Já não se sabe muito bem o local exacto dessa cidade, no actual Paquistão. Outros tempos e outras guerras passaram sobre ela. Mas a memória de Bucéfalo, o cavalo indomável do principe da Macedónia perdura através dos séculos, junto com a de Alexandre Magno. Juntos um, espirito e memória, força e bravura.




ACTIVIDADES:

1) Procura no dicionário o significado das palavras que não conheças. Podes pedir ajuda aos teus pais ou avós.

2) Pede ajuda aos teus pais ou avós, imprime ou fotocopia  um mapa mundi e assinala  os lugares de que fala esta história

2) Desenha ou modela em plasticina Alexandre e Bucéfalo.                                                                            Envia-nos foto e publicaremos aqui o teu trabalho.

4) Em diferentes lugares do Mundo existem estátuas de Alexandre e Bucéfalo. Faz uma pesquisa no Google, e, a partir da foto de uma delas, faz um desenho tentando ser o mais fiel possível.                    Utiliza lápis e borracha, que é mais fácil de corrigir se te enganares.


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